Minh'alma geme - escrito pelo aluno Felipe de Souza

Geme como o armígero ferido no prado do sofrimento
Geme como o condenado amante que procura imenso gáudio sobre os lençóis do pecado
Geme como a criança que procura no méleo se saciar
Geme como o alarido de fantasmas perdidos
Geme,

DENGUE: UM PERIGO CONSTANTE - Equipe Mais Escola

Uma doença muito perigosa e constante, foi introduzida no país, através dos navios negreiros provenientes da África, junto com os escravos. A doença é transmitida por duas espécies de mosquitos o Aedes aegypti e Aedes albopictus, que picam durante o dia e a noite.

O BLOG COMO INSTRUMENTO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NO CURSO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - Professora Dalva

Trabalho apresentado pela professora Dalva Regina Bertoleti Vieira Gonçalves na conclusão de curso de especialização, para a obtenção do título de especialista em Educação a Distância, na Faculdade Instituto Superior de Educação do Paraná.


Considerando os interesses, as exigências da sociedade atual e a necessidade de adequar o ensino às mudanças sociais, é preciso integrar a informática ao currículo escolar, pois os computadores fazem parte do nosso dia a dia, e a escola deve preparar o aluno para o futuro. Nos dias atuais, a tecnologia e a informática oferecem ferramentas que possibilitam aos internautas publicar os próprios textos na Internet, além de viabilizar meios para melhorar a sua prática. O presente artigo pretende abordar, para fins de conhecimento dos docentes e demais profissionais da educação, meios para a utilização da tecnologia para a construção de um blog, a fim de que este seja um recurso didático para o ensino e a aprendizagem de alunos do curso de Educação a Distância (EAD).

JOGOS PAN AMERICANOS 2015 - escrito pelo aluno Gabriel Olivo

Termina o Pan 2015

Depois de três semanas em disputas emocionantes, históricas, e de superação terminou o Pan de Toronto, no Canadá, tendo contado com a participação de quarenta e uma seleção. Os jogos serviram como preparatório para as olimpíadas 2016 que acontecerá no Rio de Janeiro entre os dias 03 a 21 de Agosto.

AMANDA KUNKEL - DESTAQUE NOS JOGOS ESCOLARES

 A aluna Amanda Kunkel do Colégio Estadual Tomaz Edison de Andrade Vieira, foi destaque mais uma vez em campeonato que participa, desta vez no 62ª Jogos Escolares do Paraná, realizado no município de Apucarana.

IDENTIDADE DE GÊNERO : POR QUE DEBATER NAS ESCOLAS? - Parte II - escrito pela aluna Calorina Ferreira Milão


O papel da escola ao discutir identidade de gênero seria ensinar a criança o respeito, a tolerância e a conviver em sociedade. Seria também amparar os alunos que sofrem com a discriminação, para que possam conviver num mundo onde sua transgeneralização não seja alvo de ataques.
Uma criança criada em um lar transfóbico, desenvolverá pensamentos e sentimentos de ódio e repúdio, o que a fará uma pessoa preconceituosa, desrespeituosa e muitas vezes, agressiva.

Poema: VOCÊ NUNCA ME DEIXOU – escrito pelo aluno FELIPE DE SOUZA

De um segundo pro outro o coração aperta
Aquele sentimento, fogo na ponta de flecha.
A dor doce faz do mais rude homem ser uma peça

Aqueles olhos verdes que me acorrentaram
Numa prisão de dor meus sentimentos se gelaram

EDUCAÇÃO, SEXUALIDADE E PRÁTICAS SOCIAIS – escrito pelo Professor Reginaldo Peixoto

Na atualidade, os estudos e pesquisas têm apontado para diversas formas de ser e de viver a vida. Os modelos padronizados de homens, mulheres, famílias e identidades chegaram à contemporaneidade como um leque aberto de possibilidades. A sexualidade humana, vista do ponto de vista genético/biológico ganhou novas reinterpretações, ou seja, não se define apenas por meio dos constructos anatômicos (pênis/vulva), claro que eles são importantes, mas há que considerarmos outros aspectos do ser humano como as questões psicológicas, culturais, históricas e sociais.

JOVEM NADADOR MARINGAENSE É UM COLECIONADOR DE MEDALHAS


João Pedro Sossaí Altoé, 12 anos, um colecionador de medalhas em campeonatos de natação. Apesar de muito jovem, começou a nadar com quatro anos de idade e há quatro anos participa de campeonatos, o que já lhe rendeu 95 medalhas, sendo 66 de ouro, 20 de prata e 9 de bronze.
Tanto sucesso é fruto de muita dedicação; sua rotina é de noventa minutos de treinos diários. Seu estilo favorito é o nado de costas, sendo esta a modalidade em que mais se sobressai.
O jovem que tinha como sonho ser jogador de futebol agora pretende, e não é de se duvidar que conseguirá ser campeão olímpico de natação.

No próximo final de semana, entre os dias 24 a 26 de julho estará participando dos jogos escolares no município de Apucarana e nós estaremos torcendo por esse brilhante atleta.

ATIVIDADES DE LÍNGUA ESPANHOLA - PROFESSORA: DALVA

QUESTÃO 1

AL PERSONAL DEL DEPARTAMENTO
DE VIGILANCIA
A fin de adoptar las medidas conducentes para preservar la seguridad interna de esta empresa, comunico a ustedes que a partir de esta fecha, los integrantes de ese Departamento deberán verificar que todos los empleados sin excepción porten su gafete de identificación al entrar y salir de las instalaciones, así como durante su permanencia dentro de las oficinas y demás áreas de trabajo. También es obligación de todas las personas que ingresen al edificio, mostrar el contenido de sus bolsas de mano, portafolios, maletas, etc., y, en su caso, las cajuelas e interiores de sus vehículos.

QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL (1950 -1960) - Professora Sandra

Podemos novamente contar com a colaboração da Professora Sandra Maria Castanho, desta vez com um artigo publicado durante a realização de sua graduação em História, pela Universidade Estadual de Maringá.


QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL (1950 -1960).

Este artigo tem por objetivo discutir a inclusão dos trabalhadores rurais no debate político nas décadas de 1950 e 1960, bem como o debate sobre a legislação social trabalhista e a Reforma Agrária, usando como principal fonte o Jornal Terra Livre.
A primeira edição do jornal Terra Livre1 foi publicada no dia 5 de maio de 1949. Considerado o primeiro jornal brasileiro a se dedicar ao cotidiano dos trabalhadores rurais, informava sobre direitos sociais, trabalhistas, organização sindical, além de vários temas ligados ao homem do campo. O jornal, de periodicidade quinzenal, foi editado até 19642, quando o golpe militar proibiu as suas atividades, inviabilizando a sua continuidade. No início o jornal estava sob a responsabilidade editorial do Partido Comunista Brasileiro, sendo que a partir de 1954, quando da fundação da União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB), o jornal passou a ser editado sob a sua responsabilidade.

Segundo Medeiros, o periódico foi o principal instrumento escrito de propaganda das bandeiras do PCB entre os trabalhadores do campo e de apoio às lutas pela prática da legislação trabalhista rural no Brasil. “É através da imprensa comunista, e das atividades que ela supunha, que a noção de direitos começou a ser socializado entre os trabalhadores, bem como a busca de reconhecimento social de algumas práticas costumeiras como os direitos”3 (1998, p.53).

O Terra Livre dedicava-se na divulgação dos direitos já concedidos por lei, combatendo as injustiças e denunciando os camponeses explorados. Essa postura gerava inquietação na elite agrária, motivando perseguições policiais no campo e invasões nas casas de trabalhadores das fazendas de café e das usinas de açúcar. No entanto, essa repressão social não impediu o jornal de circular. Muitas vezes sua distribuição era realizada na clandestinidade, obedecendo a estratégias sigilosas e uma lógica própria de funcionamento: “não tinha redação fixa e sua remessa era feita cada vez de um lugar diferente, e por meio também diferente. Enrolado com os impressos costurados em algodãozinho como qualquer objeto enviado uma hora pelo correio, outra hora por trem assim o jornal foi firmando e crescendo” (TERRA LIVRE, Maio, 1963).
O Terra Livre era constituído de diversas seções. Cada coluna se dedicava a um tema específico, com assuntos que permeavam o campo da política, economia, cultura, entre outras atividades.

Cartas da Roça era o espaço dedicado aos lavradores dos diversos pontos do país para se manifestar sobre os assuntos que mais o preocupavam. Geralmente esse espaço era usado para denunciar abusos e os diversos tipos de exploração sofridos no ambiente de trabalho.

Outra seção importante era o Almanaque Camponês. Dedicado aos assuntos ligados à produção agrícola, tinha como objetivo informar ao homem do campo sobre as diversas oportunidades relativas à cadeia produtiva. Mas esta seção se dedicava também a outras generalidades que serviam de entretenimento ao agricultor, como por exemplo a culinária ou até mesmo piadas. As piadas tinham como objetivo divertir os seus leitores, ridicularizando ironicamente os proprietários de terra e, ao mesmo tempo, informando sobre a exploração da “elite agrária”.

Poetas do Sertão foi o nome escolhido para uma coluna dedicada aos versos e às poesias. Através dessa seção, o jornal valorizava os temas culturais dedicado ao seu público. Era comum a promoção de concursos para incentivar a criatividade dos escritores, que além de buscar a satisfação pessoal, podiam publicar seus versos e poesias, além de concorrer a diversos prêmios. Os versos e as poesias publicados geralmente eram encarregados de transmitir determinados valores da sociedade, ou críticas sociais, mostrando o contraste da riqueza do Brasil, concentrada nas mãos de poucos privilegiados, enquanto a maioria da população era pobre.

O jornal também servia como instrumento de divulgação dos direitos trabalhistas. Desde 1956, a coluna de maior popularidade era Conheça seus Direitos. Por um longo período foi assinada por Lyndolpho Silva (presidente da ULTAB) e procurava discutir, com base na legislação existente, diga-se, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os direitos que os trabalhadores tinham, mas que lhes eram negados, tais como: férias, repouso semanal remunerado, direito à habitação, salário mínimo sem distinção de sexo, limitações na cobrança das taxas de arrendamento, entre outros.


Segundo as próprias palavras de Lyndolpho: “Porque em matéria de legislação eu era estudado e, se não sabia, procurava saber com um advogado aquilo que não entendia, algum amigo nosso que me dizia efetivamente o que era”. (CUNHA, 2004, p.78). Lyndolpho Silva foi um dirigente histórico do PCB desde 1946, membro integrante e fundador da ULTAB, organizador do Congresso de Belo Horizonte, e, posteriormente, o fundador e primeiro presidente da CONTAG, atuando ativamente no processo de organização e luta dos trabalhadores agrícolas do Brasil.

Através dessa breve análise sobre as partes do jornal, pode-se observar que ele tinha como objetivo defender os interesses dos trabalhadores rurais explorados pelos latifundiários, transformando-se em um órgão de luta, organização e orientação no desenvolvimento do movimento camponês e principalmente na formação sindical e na luta pela legislação trabalhista.
O jornal Terra Livre procurava divulgar a importância da formação sindical.  Desde o ano de 1955 o periódico vinha enfatizando que: “o sindicato é a forma de organização dos trabalhadores que vivem de salários e ordenados. São trabalhadores que se associam para a defesa se seus direitos e a conquistas de suas reivindicações, organizados no sindicato dos trabalhadores adquirem uma força invencível” (TERRA LIVRE,1955, n.57).
Acrescenta-se a esses movimentos, a fundação da União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB) em 1954, com a finalidade de unir e organizar os trabalhadores rurais. Sob presidência de Geraldo Tibúrcio, essa organização representava a face legal do PCB para as questões que envolviam o campo (COSTA,1996).
Segundo Costa, o sindicalismo rural passou por uma fase inovadora com o papel desempenhado pela I e II Conferência Nacional dos Trabalhadores Agrícolas (CNTA). Através delas, iniciaram a campanha de fundação de associações e sindicatos rurais, que fazem parte da estratégia comunista para o campo. As conferências tiveram como objetivo a organização dos assalariados agrícolas em sindicatos rurais e dos camponeses em associações, uma pauta dos direitos e das reivindicações dos trabalhadores agrícolas.
Convocada por mais de 500 dirigentes sindicais urbanos, a primeira CNTA foi realizada em setembro de 1953 em São Paulo, com 142 delegados. Foi criada a Comissão Permanente da CNTA, tendo na presidência o sindicato dos trabalhadores Agrícolas dos municípios de Ilhéus e Itabuna, fundado em 1952, então o maior sindicato rural do País, contando com mais de 6000 sócios e 13 delegacias sindicais.

De acordo com Medeiros, entre as reivindicações apresentadas nesta conferência, constava a reforma agrária, defendendo o confisco das terras dos “latifundiários” e das “companhias estrangeiras” e sua entrega gratuita aos “camponeses”. Além disso, buscavam a proibição da meia e da terça, do pagamento em espécie e do trabalho gratuito.

Segundo o jornal Terra Livre, a comissão permanente da I CNTA, representante legítima de milhões de trabalhadores do campo, apoiava as campanhas em defesa do salário mínimo, temendo que ele fosse anulado pela pressão dos patrões ao supremo tribunal federal.“Formemos comissões nas usinas, nas fazendas, em todos os lugares pela aplicação do salário mínimo , o aumento geral de salários imediato congelamento dos preços” (TERRA LIVRE, julho/1954, p.5).

Em setembro de 1954 foi realizada na cidade de São Paulo, a II CNTA4, que reuniu 272 lavradores, 20 delegados representantes de sindicatos operários e 11 operários urbanos. Foi elaborado a “Carta dos Direitos e das Reivindicações dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil”, que obedecia as seguintes categorias: trabalhadores das usinas de açúcar e da canavieira; assalariados agrícolas, empreiteiros, contratistas; trabalhadores das fazendas de café; assalariados agrícolas e lavradores da Zona Sul da Bahia; arrendatários, meeiros e parceiros; posseiros e colonos proprietários de terra. A carta defendeu as principais posições:


  • Distribuição de terra dos latifúndios aos trabalhadores agrícolas e aos lavradores sem-terra ou possuidores de terra insuficiente.
  • Entrega de títulos de propriedade plena aos posseiros, ocupantes ou colonos de terra, bem como a todos os lavradores que foram beneficiados com a reforma agrária.
  • Ajuda do estado através de medidas que estimulem a produção: ajuda técnica, crédito fácil, barato ao longo prazo; fornecimento de maquinaria e ferramentas.
  • Proibição de todas as formas de exploração semifeudal como o trabalho gratuito o pagamento em espécie, e outras formas de parceria.
  • Garantia aos indígenas das terras por eles ocupadas.
  • Recuperação do atraso social dos lavradores e dos trabalhadores agrícolas, pela aplicação das mesmas garantias e direitos de que desfrutam os trabalhadores da indústria.
  • Garantia de estabilidade no emprego.
  • Proibição de despejo no caso de dispensa, até que o trabalhador encontre um novo emprego.

Além disso, na II Conferência dos camponeses foi fundada a União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB)5, sob a presidência de Geraldo Tibúrcio, José Portela como secretário geral e Lindolpho Silva como primeiro-secretário. Tinha finalidade de unir e organizar os trabalhadores rurais, proporcionando assistência jurídica em geral.

Nos dois primeiros anos, a ULTAB viveu em intensa atividade, foram criadas quase 200 organizações, entre elas quase 46 sindicatos rurais. Mas era comandada pelo partido (PCB), entravando muito de seus trabalhos.

Mais que uma representação nacional de um conjunto de entidades dispersas já existentes, a ULTAB aparecia como o braço do PCB voltado para a constituição de uma estrutura organizativa no campo e para a socialização de determinadas concepções sobre os interesses e direitos dos trabalhadores (MEDEIROS,1995, p.184).


Entre os fatores intervenientes na atuação da ULTAB, consideramos o PCB, que reproduziu as características do comunismo internacional, uma organização altamente centralizada. Mas, apesar da ULTAB ser influenciada pelo partido, Medeiros enfatiza que: “A ULTAB não era mero porta-voz do PCB” (1995, p.185), essa frase expressa que ela não tinha exclusividade com o partido, nem concordava com todos seus atos. Pois enquanto entidade voltava-se para a organização e com um perfil sindical ela necessitava compor alianças mais amplas.
O jornal Terra livre deixou claro que a ULTAB desempenhou o papel de mediadora jurídica dos trabalhadores do campo. A partir do ano de 1960 esse processo se torna mais organizado com a proposta de instalação de um Departamento Jurídico para enfrentar os vários casos que vinham surgindo.
Uma das primeiras atividades da ULTAB a ganhar espaço dentro do jornal, foi à proposta de fazer uma campanha nacional de coleta de assinaturas para defender a reforma agrária. Assim, promovia uma socialização da palavra de ordem que os comunistas buscavam trazer para um debate político mais amplo. Através do relatório elaborado de acordo com a campanha vemos que :


Voltando-nos para as falhas do relatório da Comissão executiva, indica que a RA democrática pode ser feita no atual governo, depende exclusivamente da ampliação e da penetração da campanha de participação decisiva e de suas organizações e do surgimento de milhares de comissões organizadas em todos os lugares principalmente entre os lavradores e trabalhadores agrícolas. Através do relatório da ULTAB, vemos que ela não visa a mudança do governo e nem quer abolir a propriedade privada. Visa conseguir do governo a distribuição das terras e fazer surgir milhões de novos proprietários os quais, assistidos técnicos e financeiramente, elevarão rapidamente o seu padrão de vida, produziram com abundancia e muito barato, melhorando assim as condições de vida dos operários e do povo, o que ampliará as atividades comerciais e industriais (TERRA LIVRE, n. 64 Abril /1956).

Segundo o jornal Terra Livre o relatório apresentado pela comissão executiva da ULTAB mostra várias conquistas para a campanha da RA (através da coleta de assinaturas), mas era necessário além da distribuição das terras, lutar por uma série de reformas parciais, como as leis que regulamentam o regime do arrendamento, a extensão de toda a legislação social ao campo, a proibição dos despejos, a garantia de preços mínimos compensadores para os produtos, crédito fácil barato e longo prazo para todos os lavradores, concessão de proprietários aos posseiros entre outras medidas.
A I conferência da ULTAB, foi realizada na capital paulista, em setembro de 1959, sua direção passa a ser composta por delegados e representantes das associações filiadas pelo Conselho de Representantes, composta por 25 membros, filiados ou não, por uma Diretoria integrada por sete membros, e pelo Conselho Fiscal, composto por três membros efetivos e três suplentes.
Certas medidas foram tomadas para erguer a ULTAB e estimular o movimento camponês, como as propostas que se pensou para a sua I Conferência, legalizar seus órgãos de direção, organizar os camponeses e fortalecer as organizações já existentes.
O relatório aprovado nessa Conferência mostra que o número de trabalhadores agrícolas reorganizados em associação era menor comparado às organizações das camadas urbanas. As causas dessas dificuldades são:

  • Dispersão dos lavradores e trabalhadores agrícolas, espalhados pelas fazendas e muitas vezes em região distante, assim, encontra-se eles isolados e sujeitos a influência e a prisão dos patrões e proprietários de terra.
  • Os camponeses são comumente submetidos a formas de exploração de negação de direitos de perseguição e de opressão por parte dos latifundiários, dos agentes dos poderes públicos muito mais duras do que as impostas aos trabalhadores da cidade.
  • As migrações constantes em vários sentidos do norte para o sul, nas várias zonas de um mesmo estado de fazendas para fazendas e o êxodo rural para as cidades como conseqüência do empobrecimento e das dificuldades das massas trabalhadoras do campo.
  • A própria natureza do homem da roça disperso, isolado torna-o arredio e desconfiado.
  • E ao lado de tudo isso, a falta da tradição de organização no campo em nosso país (TERRA LIVRE, n.88. fevereiro/1960).

Apesar das dificuldades dos trabalhadores agrícolas se organizarem em associações, aumentou a compreensão de quanto era necessário a organização como instrumento de luta. Analisando o último item, segundo Sebastião Dinart dos Santos, nota-se que o analfabetismo, o atraso cultural e a opressão do latifúndio tornam extremamente difícil a formação de quadros dirigentes de origem camponesa. Abrindo caminho para os Latifundiários influenciar e dirigir a população rural. Este será o grande obstáculo ao desenvolvimento do espírito de associativismo entre os camponeses. Para Dinart dos Santos:
[...] nas condições de domínio do latifúndio, os camponeses brasileiros não conseguiram, espontaneamente, ir além de algumas formas muito primitivas de organização, como são os mutirões e as reunidas. Aliás, não devemos menosprezar o estudo e o valor dessas formas elementares de organização; nelas está o germe dos agrupamentos coletivo superior (TERRA LIVRE n.86, março/1959).


A I Conferência da ULTAB centralizava as discussões na criação de um movimento de opinião pública em favor de modificação da estrutura fundiária. Neste sentido, aprovou-se o documento intitulado “Carta sobre a reforma agrária” 6, apoiado pelos comunistas:


A reforma agrária não deve ser confundida, como fazem propositadamente certas pessoas, com medidas parciais relacionadas à agricultura, mas que não tocam na raiz do problema agrário, que é o monopólio da propriedade da terra. Consideramos que a reforma agrária deve ser um conjunto de medidas governamentais baseadas, antes de tudo, numa profunda modificação da maneira como está distribuída a terra no Brasil. A reforma agrária necessária ao nosso País deve levar à democratização da propriedade da terra, acabando com os privilégios da minoria de latifundiários e transformando em proprietários de uma gleba os milhões de camponeses sem terra (COSTA, 1996, p. 66).


De acordo com Costa, essa proposta de Reforma Agrária pretendia acabar com o privilégio da minoria latifundiária e beneficiar milhões de camponeses de todo o território brasileiro.

Além disso, a ULTAB, promoveu um encontro nacional para discutir suas experiências particulares de luta, para traçar diretrizes gerais e dar unidade ao movimento camponês. Contando com a participação de aproximadamente 1600 delegados eleitos em 13 encontros estaduais, realizou-se entre os dias 15 e 17 de novembro de 1961 o importante congresso em Belo Horizonte (MG).

Segundo o Terra Livre o presidente da ULTAB, Lyndolpho Silva, deixa transparecer no congresso a importância que a instituição representa para os propósitos da reforma agrária junto a outras associações de camponeses, mas vê a necessidade da união da massa camponesa para conquistar uma grande unidade nacional .
Várias conferências estaduais foram realizadas para preparar o congresso, como a I Conferência Estadual dos Lavradores e Trabalhadores em SP, iniciada no dia 30 de junho de 1961, a partir dela surgem temas centrais para discussão como: propriedade da terra, reforma agrária, regulamentação legal de contratos de arrendamento e parceria.
Através da declaração do I Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas podemos observar o debate sobre a reforma agrária editado pela ULTAB, estimulando a união das massas camponesas oprimidas e exploradas para participar do Congresso, manifestando sua decisão de luta por uma reforma agrária radical. Tal reforma contrariava as medidas paliativas propostas pelas forças “retrograda da nação”, que adiava a liquidação da propriedade latifundiária.

É o monopólio da terra, vinculado ao capital colonizador estrangeiro, notadamente o norte-americano, que nele se apóia, para dominar a vida política brasileira e melhor explorar a riqueza do Brasil. É ainda o monopólio da terra o responsável pela baixa produtividade de nossa agricultura, pelo alto custo de vida e por todas as formas atrasadas, retrogradas e extremamente penosas de exploração semifeudal, que escravizam e brutalizam milhões de camponeses sem terra. Essa estrutura agrária, caduca, atrasada, bárbara e desumana constitui um entrave decisivo ao desenvolvimento nacional e é uma das formas mais evidentes do espoliativo interno (IN: CUNHA, 2004, p. 171,172).

Dessa forma, para superar o subdesenvolvimento crônico, a profunda instabilidade econômica política e social que impedia o crescimento do país e aumentava a miséria do povo, os organizadores do congresso acreditavam na necessidade de uma reforma agrária que modificasse radicalmente a estrutura econômica agrária e as relações sociais no campo.

A execução de uma reforma agrária, efetivamente democrática e progressista, só poderá ser alcançada à base da mais ampla e vigorosa ação, organizada e decidida, das massas trabalhadoras do campo fraternalmente ajudadas em sua luta pelo proletariado das cidades, os estudantes, a intelectualidade e demais forças nacionalistas e democráticas do patriótico povo brasileiro (IN: CUNHA, 2004, p. 173).

Para realizar a reforma agrária que efetivamente interessava o povo e às massas trabalhadoras do campo, julgavam-se necessário dar solução à algumas questões, como: a radical transformação da atual estrutura do país, com a liquidação do monopólio da propriedade da terra exercido pelos latifundiários, substituindo-os pela propriedade camponesa, em forma individual ou associada. Além das medidas que visam modificar as bases da questão agrária, almejando por soluções que melhorariam as atuais condições de vida e de trabalho das massas camponesas, como:

  • Respeito ao amplo, livre e democrático direito de organização independente dos camponeses, em suas associações de classe.
  • Aplicação efetiva da parte da legislação trabalhista já existente e que se estende aos trabalhadores agrícolas, bem como imediatas providencias governamentais no sentido de impedir sua violação. Elaboração de estatuto que vise e uma legislação trabalhista adequada aos trabalhadores rurais.
  • Plena garantia à sindicalização livre e autônoma dos assalariados e semi-assalariados do campo. Reconhecimento imediato dos sindicatos rurais.

Além disso, os dirigentes do Congresso reivindicavam o aumento dos gêneros alimentícios como forma de corrigir a carestia de vida da população, sobretudo as massas trabalhadoras da cidade e do campo, sugerindo para o Estado a preparação de um plano de incentivo a agricultura que assegurassem os preços mínimos compensadores nas fontes de produção, transporte eficiente e barato, favorecimento na compra de instrumentos agrícolas e outros meios de produção, garantia ao fornecimento de semente, adubos e inseticidas, além de conceder aos pequenos agricultores créditos acessível e aos pequenos cultivadores combater o favoritismo dos grandes fazendeiros.
Através da comissão que discutia a RA., aprovou-se o principal documento do Congresso, reivindicando a transformação da estrutura agrária, a desapropriação do latifúndio, a posse e uso da terra pelos que nela desejassem trabalhar. Reivindicava ainda o direito de organização dos trabalhadores rurais e a modificação do parágrafo 16 do art.141 da Constituição Federal, no sentido de permitir as desapropriações por interesses sociais mediante indenização em títulos públicos. Contudo, seu ponto central reforçava a importância da reforma agrária como medida de solução para os problemas não só dos trabalhadores rurais, como para o conjunto do País.

O desenvolvimento econômico e social do Brasil exige a solução de sua questão agrária milhões de trabalhadores sem terras trabalham nos campos enfrentando sobre tudo dentro das grandes propriedades agrícolas enormes dificuldades, trabalhando nas duras condições do alto preço de arrendamento, da parceria, da falta de assistência técnica e financeira, das perseguições movidas aos posseiros, baixos salários com a liberdade elementar do cidadão estrangeiro. Essa grande massa de trabalhadores quase não pode comprar os gêneros mais essências a vida de suas famílias (TERRA LIVRE, n. 596, Dezembro / 1961, p.106).

As péssimas condições do trabalho no campo, levaram o trabalhador rural a lutar pela realização da reforma agrária, dessa forma aumentariam sua produtividade e o seu poder de consumo. Nestor Vera faz um discurso no encerramento do congresso em que reforça a importância da RA para o progresso do país naquele momento, como segue:

Consideramos esta RA como uma necessidade inadiável e vital, capaz de dar saída e de conduzir a completa solução ao agudo estado de subdesenvolvimento crônico do tipo pré-capitalista, capaz de dar solução crescente política e social em que nos encontramos presentemente [...] (TERRA LIVRE, Novembro/1961).

Apoiado financeiramente pelo governo federal e contando com a presença do presidente Goulart em seu encerramento, o Congresso de Belo Horizonte provocou um forte impacto no movimento sindical. Segundo Medeiros, o confronto entre as duas posturas dominantes no movimento camponês – a do PCB e as Ligas- deu-se no Congresso o marco das lutas no campo e da luta pela reforma agrária. Como notamos nas palavras de Lyndolpho Silva no encerramento do congresso.
Este Congresso constituiu, sem dúvida alguma, um considerável avanço e sólida demonstração do grau de consciência e justas reivindicações de seu papel decisivo na sociedade, como também do nível de organização e de métodos pelas conquistas necessárias à superação da situação do campo através de uma reforma agrária que efetivamente elimine o monopólio da terra pelo latifúndio e as relações de produção de tipo pré-capitalista ainda imperantes em nosso país (IN: CUNHA, 2004, p. 181)


Segundo Costa o movimento em favor da Reforma Agrária atribuiu responsabilidade na fundação e reconhecimento dos sindicatos rurais. O governo criou em outubro de 1962 a Superintendência da Política Agrária (SUPRA), que colaborou na formulação da política Agrária do País, planejando promover a reforma agrária.


A realização de uma reforma agrária radical não acontecia sem uma significativa mobilização do homem do campo, um dos motivos que levou o governo a conduzir para o caminho da organização sindical do trabalhador agrícola. Neste sentido, uma das atribuições da SUPRA, era realizar a força da sindicalização no campo. Como órgão executor da tarefa foi criado a Comissão Nacional de Sindicalização Rural (CONSIR), que desempenhou um papel ativo, ao criar as condições que facilitaram aos homens do campo, sua mobilização em órgãos de classe, marcando uma nova fase do movimento sindical no campo.


A CONSIR e o Ministério do Trabalho viabilizaram a realização da assembléia de fundação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), reunida no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, entre os dias 20 e 23 de dezembro de 1963, contou com a ajuda da SUPRA e das entidades sindicais urbanas, além da participação do Pacto Unidade e Ação (PUA) e o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT).

No que diz respeito às reivindicações, demandava a regulamentação imediata do Estatuto do Trabalhador Rural, fundamentalmente dos itens que se referiam à carteira profissional, à taxa de habitação, ao conselho arbitral, ao imposto sindical, a aplicação da previdência social já regulamentada, com extensão de salário família ao trabalhador do campo, efetiva aplicação do salário mínimo, e luta por aumento de salário, liquidação de racionamento e aumento do nível do atual salário mínimo, preço mínimo compensador na fonte de produção, baixas das taxas de arrendamento e sua regulamentação, extinção dos despejos e plantio de capim nas terras de cultura, título de posso aos posseiros [...] (MEDEIROS, 1995, p.193).

Outro tema em destaque neste contexto é a luta pela conquista de uma legislação social. É quase consenso a historiografia brasileira dizer que o Estado excluiu os trabalhadores rurais dos benefícios e, também do controle, advindos da lei7

No Brasil, historicamente, a legislação social trabalhista manifestou-se primeiramente no operariado urbano e, só depois de muita luta chegou aos assalariados rurais, camponeses e demais categorias de trabalhadores do campo.8 A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), editada em 1943, excluía os trabalhadores rurais dos benefícios sociais da legislação.


O debate sobre a legislação rural só tomou corpo a partir da década de 50, motivado pela atuação de Getúlio Vargas, em seu último mandato, visando estender a legislação social aos homens do campo e pelos movimentos de camponeses que eclodiram nessa década em todo o país (PRIORI, 1996).

Nesse segundo mandato, Vargas formulou uma política visando estender a legislação social aos homens do campo. No ano de 1951, o presidente enviou ao Congresso Nacional a proposta da aprovação do Serviço Social Rural, visando a prestação de serviços sociais às comunidades rurais.

Para expor esse projeto no congresso, Vargas comparou a situação do trabalhador rural com o urbano, vendo neste último uma camada superior, alfabetizada e educada, com renda média elevada, o que os possibilitava um padrão de vida melhor do que a maior parte da população rural. Por isso, Vargas via a necessidade de:

[...] estender aos homens do campo, progressivamente, os benefícios de um programa de assistência e de uma legislação especifica que lhes assegure mais eficazes garantia de trabalho e salários mais compensatórios, proteção contra acidentes de trabalho, além de aposentadoria e pensão nos casos de invalidez ou velhice (VARGAS, 1969, vol I).

Além disso, a preocupação do presidente em estender a legislação social aos trabalhadores campo, estava inserida na modernização e no crescimento econômico do país, “... através de uma acelerada industrialização por substituição de importações, diminuir a dependência econômica do Brasil em relação aos países desenvolvidos...” (STOLCKE, 1986, p.132). O setor agrícola era posto em segundo plano pelos políticos, mesmo fornecendo capital para industrialização rápida e, atendendo ao mercado interno com matérias-primas para a indústria nacional. “Em tudo, uma deliberada promoção do atraso no campo, para garantir o desenvolvimento e a modernização na cidade, na indústria” (MARTINS, 1986, p.80).

O desenvolvimento da cidade era estimulado pela grande industrialização, enquanto o trabalhador rural clamava por uma legislação rural que os amparassem. “As relações de trabalho no campo variam consideravelmente no tempo e no espaço, em contraste com o que se dá na indústria e no comércio” (PRADO JR, 1981, p.44).

Mas, devemos considerar que o Estado teve certas precauções com relação ao seu projeto de extensão da legislação social ao campo. Apesar do presidente ter um discurso incisivo, não foi portador de um projeto que regulamentasse as relações de trabalho de imediato. O Serviço Social Rural não passava de uma autarquia, com pretensão de melhorar as condições de vida da população. Segundo as palavras de Vargas:

A intervenção do Estado na vida social do campo tem que ser cuidadosamente estudada e programada. Nada mais perigoso do que, sem maiores cautelas, procurar simplificar esta tarefa, estendendo-se ao ruralista mecanicamente, de uma penada, o conjunto da reforma social atual, reforma tipicamente urbana, compreendo o seguro social compulsório, os serviços sociais públicos e privados, etc., para incluir no seu âmbito a grande, heterogênea, estrutural e funcionalmente complexa massa da população rural, com suas características, necessidades e padrões de existência nitidamente diferentes dos da “clientela” tradicional daqueles instrumentos da política social urbana (VARGAS, 1969, p.14).

Apesar dos discursos populistas de Vargas, referentes aos trabalhadores rurais, o presidente não se empenhava em fortes projetos de leis, para não contrariar os grandes proprietários de terras, institucionalizados na Sociedade Rural Brasileira (SRB). Nesta perspectiva o Serviço Social Rural, não trouxe resultados significativos em relação a conquista de benefício para os trabalhadores rurais.

Uma das importantes mudanças iniciadas no Pós-Guerra foi à inversão da relação campo / cidade, reduzindo a população rural no decorrer da década de 1950. O problema agrário no Brasil impossibilitou muitos brasileiros de viver e trabalhar na própria terra em que nasceram. “Não era apenas o êxodo rural causado pelas secas, seculares em sua repetição e descaso, mas também a tensão do binômio minifúndio / latifúndio, exercendo uma pressão insuportável sobre um punhado de terra / meu último bem / no coração do Brasil” (LINHARES; TEIXEIRA DA SILVA, 1999, p.151).
Outro fato importante que altera as condições sociais no setor agrário, é o aumento simultâneo do uso de fertilizantes, tratores e demais técnicas agrícolas, revelando a modernização do processo produtivo na agricultura. Devemos considerar que os processos de urbanização e industrialização não são as únicas causas do movimento migratório nas cidades. O êxodo também é provocado pelas modificações ocorridas no ambiente rural. Com a expansão das técnicas capitalistas no campo, gera-se o desemprego e a expulsão de uma parte dos trabalhadores.

Os assalariados rurais foram prejudicados com a introdução das “culturas modernas” (voltadas para o mercado externo), em função do aumento da demanda de produtos primários no pós-guerra, usando de insumos químicos e mecanização em larga escala. Notou-se que a necessidade de mão-de-obra permanente nas grandes propriedades foi diminuindo.

“Na década de 1950, iniciou-se a instalação de indústrias de tratores e máquinas agrícolas, assim como a de insumos químicos, na esteira do aumento da demanda internacional por alimento no pós-guerra.” (RUCCI, 1999, p.119). A conseqüência social dessas atitudes gerou um desemprego em massa (devido a mecanização) ,além disso o êxodo rural era provocado pelo rompimento dos “contratos” de moradia, colonato e arrendamento, buscando a expansão de terra para o plantio mecanizado por parte dos grandes proprietários rurais.

É sabido que o desenvolvimento da agricultura brasileira fundou-se na concentração fundiária, na produção para o mercado externo e numa estreita seletividade de agentes econômicos capazes de se instalarem nos mercados mais rendáveis e na captação de recursos públicos. O pacote tecnológico apontado anteriormente seguiu a tradição. Ele disseminou-se com base num sistema seletivo e excludente da economia brasileira (RICCI, 1999, p.120).

Assim, o instrumento mais eficaz do sistema de seletividade econômica na agricultura foi o crédito rural subsidiado que estimulou um novo padrão tecnológico agrícola, a princípio visava o desenvolvimento dos pequenos produtores rurais. Mas, no decorrer de uma década, a tendência de concentração de recursos voltou-se para as propriedades de maior porte, tornando mais competitiva a produção dos latifúndios. “Mantinha-se a tradicional concentração de rendas na agricultura e privilegiavam-se as culturas extensivas, notadamente aquelas voltadas à exportação” (RICCI, 1999, p.12).

Por isso, Vargas sugeriu a extensão da legislação ao campo, que seria uma forma de combater o desmantelamento da agricultura, pois tal fato traduzia em conseqüências mais sérias, ou seja, um intensivo êxito rural e a necessidade de aumentar a oferta de alimentos, principalmente para abastecer o mercado interno.

Para conter o êxodo rural, o presidente propõe a criação de uma política agrícola, visando aumentar a produtividade, utilizando-se das modernas técnicas de cultivo e, ao mesmo tempo, montar um parque industrial, para ampliar a produção agrícola.

Lembramos que o êxodo rural não foi conseqüência puramente do processo de industrialização intensificado no Brasil a partir dos anos 50, ou da disparidade de tratamento entre o trabalhador da cidade e do campo. Foi motivado também, pelas péssimas condições em que viviam os trabalhadores rurais, como segue as palavras de Vargas: “Não podemos por mais tempo assistir ao despovoamento dos campos e ao desequilíbrio entre as condições de vida observadas nas zonas rurais e nas urbanas” (VARGAS, 1969, p.378, Vol. I).

Portanto, para combater o êxito rural, Vargas considerou necessário em primeiro lugar, incentivar o processo de colonização de novas áreas, reforçando a política originada no Estado Novo conhecida como “Marcha para o Oeste”, estrategicamente centrada sobre a criação de colônias agrícolas nacionais no interior do país, nas áreas ditas “vazias”. “Tal política foi sendo implantada simultaneamente à manutenção de alianças com os grandes proprietários de terras que não foram afetados diretamente pelas obrigações trabalhistas aplicadas nas cidades” (LENHARO, 1986, p.14).

Dessa forma, “promoveriam o aumento da produção agrícola e mineral, o que reverteria em favorecer o desempenho industrial do país, condição prioritária para a unidade econômica visada” (LENHARO, 1984, p.8). No entanto, objetivava-se “cercar” as áreas ocupadas com a nova proposta de colonização escorada sobre a pequena propriedade e, principalmente, sobre o sistema cooperativo de produção e comercialização, concentrado nas mãos de burocratas ligados á alta administração. “Mais importante que isso, tratava-se de criar um novo conceito de trabalho e trabalhador, uma contrapartida do que já se praticava no setor urbano-industrial: o forjamento do trabalho despolitizado, disciplinado e produtivo” (LENHARO, 1986, p.15).

Portanto, as estruturas agrárias não são nem absolutamente rígidas nem absolutamente fechadas. Do ponto de vista do desenvolvimento econômico, baseado na industrialização, a sociedade agrária deveria sofrer mudanças mais drásticas e aceleradas. [...] Entretanto, é conveniente observar que as estruturas agrárias não são autônomas e imunes às mudanças. Em realidade, elas são integradas a estruturas mais amplas, nacionais e internacionais (IANNI, 1978, p. 43).

Para compreendermos a estrutura da política de massas, devemos considerar a composição rural-urbana do proletariado industrial, lembrando que sua inexperiência política, muitas vezes provém dos contingentes migratórios, no sentido das cidades e dos centros industriais, intensificadas a partir de 1945. O horizonte cultural desses homens está profundamente marcado pelos valores e padrões do mundo rural, predominando formas patrimoniais ou comunitárias de organização do poder, de lideranças e submissão.

Em particular, o universo social e cultural do trabalhador agrícola (sitiante, parceiro, colono, camarada, agregado, peão, volante, etc.) está delimitado pelo misticismo, a violência e o conformismo, como soluções tradicionais. Esse horizonte cultural modifica-se na cidade, na indústria, mas de modo lento, parcial e contraditório (IANNI, 1978, p. 57).

Porém, Ianni discorda de que as condições de atraso e exploração alimentam diretamente as tensões políticas no mundo agrário. Segundo o autor, as condições inerentes as relações de produção na sociedade rural, adquirem caráter político no momento que conquistam componentes próprios da situação de classe. Enquanto o universo social e cultural estiver contaminado pelos valores e padrões comunitários e patrimoniais, os trabalhadores não formulam suas reivindicações em termos propriamente políticos.

Por isso, o reconhecimento dos trabalhadores rurais enquanto “classe” era importante, pois eram impedidos de se fazer representar por sindicatos ou legislativamente, já que excluídos do processo eleitoral, não tinham participação das escolhas políticas do país. Esse fato aumentava a dependência dos trabalhadores em relação aos proprietários de terras, aos quais estavam submetidos, controlados por mecanismos do coronelismo. Esse tipo de exclusão política, sustentada pelo Estado, possibilitava à burguesia rural um lucro político que a mantinha no poder e um grande controle sobre os homens pobres do campo (LEAL 1978).

O Estatuto do Trabalhador Rural – ETR, passou por anos de discussão parlamentar. Assim, do ponto de vista político “sua flexibilidade revelou-se providencial”, permitindo a formação de um centro estabilizador para abrigar ou mesmo implementar medidas de longo prazo, responsáveis por minar lentamente a hegemonia agrária, tais medidas foram reconhecidas durante o governo de Vargas e de seus sucessores. “Mas essa composição – que permitiu a consolidação de um parque industrial e financeiro - teve como contrapartida à garantia do monopólio da terra e, mesmo nos períodos de abertura política, o controle absoluto das populações rurais” (CAMARGO, 1981, p.126).

Esse debate ampliou-se a partir da apresentação no Congresso Nacional do projeto de lei que visava criar um Estatuto para o trabalhador rural, realizado pelo então deputado pelo Estado do Rio Grande do Sul, Fernando Ferrari, em 06 de maio de 1960. Os principais pontos do projeto visavam garantir os direitos dos trabalhadores que eram desrespeitados pelos proprietários rurais e a regularização da sindicalização rural9

Esse projeto lei foi aprovado em 2 de março de 1963, com a promulgação do Estatuto do Trabalhador Rural - ETR (Lei n. 4.214). No entanto o estatuto recebeu críticas por parte das classes dominantes rurais, no que se referia principalmente à estabilidade de emprego e à sindicalização rural, uma vez que direitos como salário mínimo e férias, mesmo desrespeitados pelos proprietários rurais, eram garantidos pela CLT.


Com relação à estabilidade do emprego, o discurso ruralista enfatizava as possíveis incompreensões sociais que dificultaria o relacionamento harmonioso entre trabalhadores e patrões. Os trabalhadores rurais, segundo os ruralistas, estavam acostumados a mudar de emprego, fascinados pela aventura do nomadismo, escolhendo por receber a indenização pela estabilidade (PRIORI, 1996).

A preocupação das classes dominantes rurais em relação à sindicalização se devia ao fato de que para eles, essas entidades poderiam perturbar a paz social reinante no campo, enveredando-se por um caminho de modificações da estrutura econômica, social e jurídica da sociedade, já que seriam passíveis da influência de “agitadores profissionais” ou seja, os militantes das Ligas Camponesas e do PCB (PRIORI, 1996).

No ano de 1963, durante o governo João Goulart, aconteceu a regulamentação dos sindicatos dos trabalhadores rurais. Neste mesmo ano foi fundada a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), continuando o trabalho de formação e reconhecimento dos sindicatos. Por outro lado, o ETR significou um maior controle nas relações de trabalho no campo.

Concluímos que os anos 50 e 60 foram marcados pela efervescente luta e organização dos trabalhadores rurais, esses movimentos contribuíram para a formação dos trabalhadores rurais enquanto “classe”, porque foi através desses e de seus órgãos de representação que o homem do campo conquistou um espaço maior no cenário social. Neste período, as notícias publicadas no Jornal Terra Livre colaborou para a organização dos camponeses através da representação sindical, do estímulo do debate sobre a Reforma Agrária como mecanismo do desenvolvimento nacional e a da proposta de extensão da legislação social ao homem do campo.


Referências
Fontes:
Jornal Terra Livre, 1954 a 1964
Carta da reforma agrária” aprovada na I Conferência da ULTAB em setembro de 1959. Folheto publicado pela ULTAB, São Paulo, 20/9/1959.
Bibliografia:
CAMARGO, Aspásia de Alcântara. A questão agrária: crise de poder e reformas de base (1930-1964). In: Fausto, Boris (Org.), O Brasil Republicano, São Paulo, Difel, vol. 3, t. 3, 1981. P.121-276.
COSTA, Luiz Flávio Carvalho. Sindicalismo rural brasileiro, em construção. Rio de Janeiro: Forense Universitária: UFRRJ, 1996.
CUNHA, Paulo Ribeiro (Org). O camponês e a história: a construção da Ultab e a fundação da Contag nas memórias de Lyndolpho Silva. São Paulo: IPSO – Instituto de Projetos e Pesquisas Sociais e Tecnológicas, 2004.
IANNI, Octavio. O colapso do populismo no Brasil. 4º ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega, 1978.
LENHARO, Alcir. A Marcha para o azul. Anais do Museu Paulista. 33:7-16, 1984.
LENHARO, Alcir, Sacralização da política. 2 ed., Campinas: Papirus, 1986
LINHARES, Maria Yedda; TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. Terra Prometida: uma historia da questão agrária no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
MARTINS, José de Souza. Não há terra neste verão: o cerco das terras indígenas e das terras de trabalho no renascimento político no campo. Petrópolis: Vozes, 1986.
MEDEIROS, S.L. Lavradores, trabalhadores agrícolas,camponeses: os comunistas e a constituição de classes no campo. Campinas, SP: 1995.
PRADO JUNIOR, Caio. A questão agrária. 3º ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.
PRIORI, Angelo. O Protesto do Trabalho: história das lutas sociais dos trabalhadores rurais do Paraná: 1954-1964, Maringá: EDUEM,1996.
RICCI, R, Terra de ninguém : representação sindical rural no Brasil / Campinas, SP. : Editora da Unicamp, 1999.
STOLCKE.Verena. Cafeicultura: homens, mulheres e capital (1950 – 1980). São Paulo: Brasiliense, 1986.
VARGAS, Getúlio. O governo trabalhista no Brasil. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1969.















1 O Jornal Terra Livre foi fundado por iniciativa do Departamento do Trabalho de Campo do PCB em 1949. A influência do jornal, sua tiragem e edições, cresceram a partir de 1953 com o aumento da organização camponesa no Brasil e a organização da Ultab. O órgão teve como dirigentes entre 1953 e 1964, Oswaldo Gomes, Declieux Crispim e H. Sosthenes Jambo. Formalmente o proprietário era Heros Trenesh e teve como colaboradores Lyndolpho Silva, Nestor Vera e Rodoico Guimarães. Por essa colaboração no Terra Livre, em março de 1962, Lyndolpho Silva, Nestor Vera e Heros Trensh foram reconhecidos como jornalistas profissionais pelo Ministério do Trabalho e pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
2 A instalação do Jornal localizava-se na rua José Bonifácio, 29, no 10º andar, sala 103 em São Paulo.
3 MEDEIROS, L. S. Política e Reforma Agrária. In: COSTA, L. F. C.; SANTOS, R. (org.). Política e Reforma Agrária. Rio de Janeiro: Mauad, 1998. p. 53. Ver também da mesma autora: Lavradores, trabalhadores agrícolas, camponeses: os comunistas e a constituição de classes no campo. Campinas.1995. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – IFCH. Universidade Estadual de Campinas.

4 O Deputado José Miraglia e Roge Ferreira da Assembléia Legislativa de São Paulo revela ao jornal Terra Livre o apoio que deram a II CNTA. Miraglia é o primeiro secretário da assembléia e apóia medidas que beneficiam os trabalhadores rurais como: financiamento, transporte, fornecimento: inseticidas, adubos, material de irrigação, semente selecionada e preços mínimos dos demais produtos agrícolas. O Deputado Roge Ferreira apoiou inteiramente os termos do manifesto de convocação da II CNTA , pois ao entrar em contato com as massas, percebe a união entre os trabalhadores da cidade e do campo, era uma perspectiva para diminuir as explorações e injustiças de que eram vítimas.
5 A ULTAB foi fundada quando Calil Chade era o responsável pela Secção de Trabalho de Campo do Comitê Central.

6 “Carta da reforma agrária” aprovada na I Conferência da ULTAB em setembro de 1959. Folheto publicado pela ULTAB, São Paulo, 20/9/1959.
7 Sobre essa discussão, ver: PRIORI, A. O protesto do trabalho. História das lutas sociais dos trabalhadores rurais do Paraná (1954-1964). Maringá: Eduem, 1996; SIGAUD, L. Os clandestinos e os direitos. São Paulo: Duas cidades, 1979; O’DWYER, E. C. Da proletarização renovada à reinvenção do campesinato. Rio de Janeiro. 1988. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – PPGAS. Museu Nacional.
8 GOMES, A.M.C. Burguesia e trabalho: política e legislação social no Brasil (1917-1937). Rio de Janeiro: Câmpus, 1979.

9 PRADO JR, C. A questão agrária. 3º ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.

DESTAQUE NO CICLISMO MARINGAENSE - AMANDA KUNKEL

Maringaense se destaca em ciclismo
Amanda Kunkel, 13 anos , aluna do 9ºA do Colégio Estadual Tomaz Edison de Andrade Vieira – Maringá/Pr. Começou a competir no ciclismo, há um ano atrás e já é uma das favoritas de sua categoria. Iniciou, com a mountain bike e agora corre nas bike de rua e nas bike de pistas.



Amanda já coleciona mais de 20 medalhas, as principais foram: Prova de Resistência de 30 km; Copa Canção de Maringá; Paranaense; também venceu o brasileiro júnior sendo que venceu seis das sete provas que ela participou.
Para o futuro pretende participar de várias outras provas no circuito nacional e internacional.
Vale a pena destacar que esse esporte não era o sonho de Amanda, seu sonho era ser ginasta. Mas mesmo assim se destaca no ciclismo.
Aqui deixamos a nossa admiração por esta dedicada atleta e os votos de boa sorte.


Entrevista realizada pelos alunos Gabriel Olivo e Giovana Samara




POEMA:" CARTAS PARA A LIBERDADE" por Wendel e Isadora

Trabalho realizado pelos alunos Wendel Mattos de Souza e pela aluna Isadora de Oliveira, durante as aulas de História, com o objetivo de escrever uma carta para soldados que se encontravam na Segunda Guerra Mundial, com a professora Sandra Maria Castanho no 9ºA

Cartas para a liberdade”
Querida amiga desculpa não estar ao seu lado, a tanto não à escrevo...
Há tempos vejo a morte tão próxima quanto à vida, e sinto que se afasta de mim cada vez mais...
Por isso peço que me perdoe, se fosse para morrer, gostaria que fosse a seus braços, os braços de uma amiga que um dia já foi tão presente na minha vida.
Acho que estou morrendo, não digo apenas do meu corpo, mas sim da minha alma...
Vejo todos os corpos no chão, e sinto que minha alma esta sendo dilacerada, e meu corpo se tornando uma carcaça de carne, sem alma, sem vida.
Toda rejeição, todo ódio, tudo isso está me possuindo.
Nesse mundo é atípico encontrar o “amor ao próximo”, ainda mais nestes tempos de guerra.
Saudades dos meus filhos.
Os quais eu nunca tive.
Saudades da minha vida, aquela que está sendo tirada de mim.
Oh, quando vejo em campos de concentração todas aquelas pessoas sofrendo e morrendo penso que eu que deveria estar ali.
Todo o sangue em minhas mãos.
Poderia ser meu sangue em mãos alheias.
Todas as crianças ajoelhadas clamando pelo nome de Deus, penso que poderia ser eu.
Mas a minha fé já foi aniquilada há muito tempo.
Todos os meus sonhos, todos os meus objetivos, e até a minha esperança, não deveriam ter sido tirada de mim.
Mas foram...
Em um mundo onde todos querem impor a sua tirania, eu, apenas quero ser feliz, livre.
Ouço muito barulho.
Barulho de armas, barulho de choro, de preces.
Muito barulho de gente com mente em silêncio.
Muita gente em silêncio com uma mente barulhenta.
Enquanto morremos para defender os sonhos de alguém perdemos o nosso.
Morremos em vão.
Se não for para viver ao seu lado querida amiga, se não estiver você em minha vida, não há sentido em viver.
Se não for para viver do jeito que quero e ter paz...
Então não quero viver.
Uma corda em meu pescoço.
Um abraço da morte e uma despedida da vida...
Sinto que apenas assim vou tê-la para mim de novo.
E assim, apenas assim serei livre.
Voltarei para casa, em forma de medalhas e não em vida.
Todas essas guerras em nome de Deus!
Se Deus for esse tirano ridículo eu quero ir ao inferno!
Não tenho paraíso prometido.
Apenas quero você!
Que foi tirada de mim tão brutalmente por pessoas tão sem alma quanto eu!
As pessoas das quais nunca a conheceram e tem das pessoas que a tem.
Muitas vezes a pessoa que tem seu corpo intacto tem sua alma partida.
E a pessoa com a alma intacta é perseguida por ser capaz de viver ao seu lado e ser livre.
Pra que viver se não for ao seu lado?...
O mundo hoje, está nas mãos daqueles que tem coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos, hoje, meu maior sonho é ter você ao meu lado.
Que no futuro, as pessoas lutem por um mundo novo...
Um mundo, onde ninguém ira precisar defender o óbvio.
Espero, que a sociedade se esforce muito, faça impossibilidades sem medo...
Se não conseguir, pense!
Grandes invenções do homem foram conquistadas pelo que, parecia impossível.