Desde a antiguidade até os tempos atuais, a sexualidade é um tema que mexe com os mais diversos sentimentos da humanidade: curiosidade, vergonha, dúvidas, pecado, prazer. Devido a questões culturais, religiosas e políticas, as pessoas sempre tiveram dificuldades em se manifestarem acerca da sua sexualidade e até mesmo a do outro: dialogar, questionar, comentar sobre este assunto, sempre gerou preconceito por parte de homens e mulheres, jovens e adultos, principalmente os mais idosos.
E são pessoas assim que convivem com as crianças e adolescentes, informando-os em relação à sexualidade.
Geralmente a forma de educar, de conviver com a sexualidade é recheada de tabus, mitos ou ainda esta questão normalmente nem é abordada, deixando os pequenos com muitas interrogações em suas mentes. Essas crianças chegam à escola, espaço importante de convivência e aprendizado, ávidas pelo saber e pelo desejo de vivenciar novas experiências.
Porém os profissionais que fazem parte daquele público que não se sentem preparados para atender aos anseios de seus alunos sobre as dúvidas e necessidades relacionadas à sexualidade e demonstram constrangimentos e incertezas para dar as devidas orientações ou simplesmente abordar o assunto com maturidade.
Entendendo a necessidade de que os profissionais das escolas precisam de subsídios para compreender algumas atitudes de seus alunos e de suas alunas mais sobre sexualidade, bem como serem capazes de atendê-los e orientá-los nestas questões é que lançamos o problema: Como agir diante de fatos ocorridos no contexto escolar, das séries iniciais do ensino fundamental, relacionados à sexualidade?
Para responder a situação problema lançada, realizamos o estudo que teve como foco a pesquisa de fatos ocorridos em uma escola pública da rede municipal de ensino de Maringá sobre sexualidade e como agir diante deles. Inicialmente o projeto foi apresentado a aproximadamente 21 profissionais da escola, em seguida houve o trabalho em campo, quando os 364 alunos do 1º ao 5º anos, das séries iniciais do Ensino Fundamental foram observados quanto à ocorrência de algum fato relacionado à sexualidade. Contamos também com os relatos dos professores e funcionários sobre as experiências dos/as alunos/as no espaço escolar acerca da sexualidade, pois a escola é local de descobertas, do interesse pelo novo, da curiosidade inata e deve contribuir com seu desenvolvimento global. E também
[...] a escola é entendida como um espaço esclarecedor de dúvidas e formulador de questões, assim como espaço privilegiado para busca de possíveis soluções que aliviem as ansiedades dos alunos e do desenvolvimento do prazer pelo conhecimento, levando em consideração que a sexualidade passa pelas dimensões biológica, psíquica e sociocultural (MAIO, 2011, p. 80).
Selecionamos os subtemas através dos relatos recebidos sendo: sexualidade precoce, pornografia virtual, jogos sexuais e partimos para a fundamentação teórica, a fim de subsidiar o texto.
No dia a dia na escola, todos os fatos relacionados à sexualidade envolvendo as crianças são generalizados por “coisas relacionadas a sexo”. As crianças, ainda, não sabem fazer a distinção entre sexo e sexualidade. Portanto, para entendermos melhor essas questões é necessário conceituar estes dois termos.
Sexo é um conjunto de práticas, atitudes e comportamentos vinculados ao ato sexual, resultante das concepções existentes sobre ele. Existe o sexo biológico, que determina o macho e a fêmea de uma espécie, a partir de um conjunto de características hereditárias, físicas e biológicas que nasce com cada um. Tais características são determinadas já na fecundação do óvulo pelo espermatozoide, mas não é este conceito que nos interessa no momento. (RIBEIRO, 2005)
Sexualidade refere-se a um saber sexual, decorrente da incitação à manifestação sexual verbal e escrita que foi acentuada no século XIX. O sexo, por sua vez, está voltado para o fazer, ou seja, as práticas e atitudes sexuais no cotidiano do indivíduo e dos grupos. Tanto a significação da sexualidade quanto a prática do sexo são construídos culturalmente. (RIBEIRO, 2005)
O conceito de sexualidade só foi criado no século XIX e está voltado para o saber. A sexualidade refere-se a um saber sexual, decorrente da incitação à manifestação sexual verbal e escrita que foi acentuada no século XIX. O sexo por sua vez, está voltado para o fazer, ou seja, as práticas e atitudes sexuais no cotidiano do indivíduo e dos grupos. Tanto a significação da sexualidade quanto a prática do sexo são construídos culturalmente. Existe, então, uma dimensão sociocultural, alicerçada historicamente por normas e padrões que dá a todo indivíduo a percepção do que seja sexo e sexualidade. (RIBEIRO, 2005)
Na escola, professores se perguntam o que fazer nesses casos de sexualidade precoce nas crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental, bem como ultrapassar alguns preconceitos que fazem parte da nossa cultura e estão presentes em nossas atitudes. Essa questão ultrapassa os muros da escola, pois diz respeito às informações, formações, interações sociais, exemplos que a criança vivencia.
Os PCN (BRASIL, 2000, p.114), determinam que “a escola é, portanto, o espaço propício para falar de sexo, devido ao tempo de permanência dos jovens nas escolas e às oportunidades de trocas, convívio social e relacionamentos”. E mais: “a escola deve informar e discutir os diferentes tabus, preconceitos, crenças e atitudes existentes na sociedade” (p.128), portanto, a escola que não oferecer a orientação sexual a suas crianças e adolescentes, estará exercendo parcialmente sua função de educar.
Valladares (2001) defende que à escola cabe trabalhar a orientação sexual (processo formal e sistematizado) e não educação sexual (experiência pessoal e valores). A orientação sexual está regulamentada de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) e deve acontecer nas escolas como “Temas Transversais”, perpassando todas as disciplinas da grade curricular, através de discussões em grupo (o profissional da educação sexual não deve dar sua própria opinião), teatro, dinâmicas de grupos, folders, etc. contribuindo na construção da cidadania e de uma sociedade feliz, mais justa enfim, contribuir no desenvolvimento afetivo e sexual das pessoas de forma tranquila, equilibrada e definitiva.
A partir dos aspectos a serem considerados no trabalho com a orientação sexual na escola, o professor será o mediador nesse processo, contando com o apoio da equipe diretiva, sem cunho repressivo e punitivo (que herdamos através dos tempos e que devemos desconstruir). É necessário também combater o preconceito, a discriminação, a desigualdade, os estereótipos. Em todas as situações o professor pode dar exemplo, fazer comentários e passar atividades em que o aluno possa assimilar valores igualitários e entender o quanto é prejudicial os preconceitos e estereótipos a fim de que o aluno questione sobre estas desigualdades, estabeleça juízo de valores, não ser passivo, não aceitar tudo que é imposto como modismo. (RIBEIRO, 2005). Para colaborar na efetivação dos princípios constitucionais que orientam o processo de ensino e aprendizagem como destaca os PCN (BRASIL, 1997), devemos nos ater a esses aspectos. O professor também precisa ser crítico, para ajudar o aluno a construir sua própria escala de valores, a partir de uma consciência crítica que o capacite a ver, questionar, julgar e agir.
O professor como orientador sexual lida com o afeto, a angústia, o medo e a culpa, que caminham lado a lado das questões que envolvem sexo. Ele não lida só com o intelecto e a inteligência. Não basta saber, é preciso sentir. É essa a diferença marcante entre ensinar Português, Matemática e orientar a sexualidade de uma criança e de um adolescente. (RIBEIRO, 2005)
- DESENVOLVIMENTO
O espaço geográfico da pesquisa ocorreu em uma escola pública da rede municipal de ensino do município de Maringá. Optamos por omitir o nome da mesma para evitar qualquer percepção negativa com os fatos em discussão. Identificamos os alunos pela primeira letra de um nome fictício. Apresentamos os fatos numa ordem apenas para organização e após cada relato realizamos a fundamentação teórica.
2.1 A Sexualidade precoce na Escola
No ambiente escolar os educadores depara-se com situações cotidianas em que aparecem fatos ligados à sexualidade, e como agir diante destes fatos? Sabemos que as crianças levam para a escola conhecimentos e vivências adquiridas na família e/ou por outras pessoas não pertencentes à sua família, sem falar da mídia, que vem influenciando na formação sexual de crianças, jovens e de adultos também.
A psicanálise defende que o ser humano se constitui na relação com outro ser humano (RAPOPORT, 2009, p.15). Esta relação com outro ser, principalmente no que diz respeito à criança, implica em cuidados físicos e afetivos que vai sinalizando nela o que dela se espera. Por esse motivo, ter conhecimento sobre sexualidade e desenvolvimento infantil pode ajudar os profissionais da escola e familiares em como intervir em situações relacionadas a este tema.
Entretanto, sabemos que a latência e sublimação são duas características da criança em idade escolar e para compreendê-las é preciso buscar suporte nas etapas iniciais do desenvolvimento psicossexual, para tanto vamos encontrar subsídios nos estudos sobre sexualidade humana abordada pela psicanálise de Sigmund Freud. ( RAPOPORT, 2009, p.15) O desenvolvimento infantil é considerado psicossexual porque a cada fase corresponde uma satisfação de determinada parte do corpo; essas satisfações são sexuais porque geram prazer para a criança. Na teoria psicossexual, o desenvolvimento ocorre em uma sucessão de fases com as satisfações dos impulsos, a partir dos quais a criança se relaciona e vai construindo o mundo e os outros.
A idade escolar dessas crianças coincide com a fase da latência, segundo o psicanalista Sigmund Freud, a energia sexual nesta idade é redirecionada para fins não sexuais. Este processo de desvio das pulsões para fins não sexuais permite que a criança passe a investir nas relações sociais com outras crianças e abre espaço para ligações afetivas com outros adultos que não são seus pais. O grupo de amigos passa a ter importância assim como se sentir valorizado e respeitado pelas suas capacidades e novas aquisições intelectuais. (RAPOPORT, 2009, p.15)
O ser humano é um ser eminentemente social, sendo assim a possibilidade da criança se construir como tal é oferecida a partir de cuidados iniciais dos adultos efetivamente importantes em sua vida. Os adultos em todos os estágios da infância cumprem papéis essenciais, na transmissão dos ideais, dos valores, da noção de ética e de moral. (RAPOPORT, 2009, p.16)
Segundo Rego (1995) quando a criança se insere em um determinado contexto cultural obtendo uma interação com os membros de seu grupo e da sua participação em práticas sociais historicamente construídas, incorpora ativamente as formas de comportamentos já adquiridos, portanto um adulto transmite às crianças modos de conceber a sexualidade e a criança internaliza as relações que a sociedade em que está inserida estabelece com a sexualidade.
Tal situação foi detectada na pesquisa onde, alunas de 8 anos do 4º ano estavam trazendo para a escola bonecas tipo Barbie e bonecos e estavam brincando, na hora do intervalo. A brincadeira era que o casal de bonecos ia dormir junto e logo que deitava na cama improvisada no chão, com pedaços de tecido, um ia para cima do outro, como se estivessem transando.
Por que alunas do 4º ano do Ensino Fundamental estão brincando, na escola, envolvendo o relacionamento sexual que é típico em pessoas adultas? Remete-se ao trabalho de Freud, na fase em que as crianças apresentam curiosidades a respeito da sexualidade. Entendemos da importância desta fase e também, de ser o momento propício para dialogar com a criança sobre o que não é permitido e por que não pode fazer certas coisas em qualquer lugar. Agindo assim, através do diálogo e da explicação o adulto possibilitará à criança o seu ingresso no mundo das normas e das relações interpessoais de forma prazerosa e gratificante. Isto ocorre quando são substituídos os prazeres reprimidos por satisfações. Esta substituição é conhecida por sublimação, que é considerado um mecanismo de defesa a partir do qual uma pulsão pode ser satisfeita de uma forma culturalmente aceita e valorizada. O processo de sublimação encontra seu ápice no final da fase fálica e o ingresso na latência ( FERRARI, 2009).
Como se podemos entender os alunos do 4º ano com brincadeiras envolvendo a sexualidade, sendo que eles deveriam estar com suas energias voltadas na aprendizagem, no grupo de amigos, de se sentirem valorizados e respeitados pelas suas capacidades e os novos conhecimentos historicamente elaborados sobre a produção da escrita e matemática.
A sexualidade precoce está sendo estimulada pela erotização, pelo forte apelo sensual da publicidade, das novelas, das músicas e em outros produtos culturais.
A criança na fase da infância deve ser tratada como criança para que possa amadurecer no seu tempo. O que a mídia tem feito é estimular o prazer, passando por cima das fases de desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.
Mariussi (2010, p.131) argumenta:
[...] a erotização está muito mais perto do que imaginamos. Está na roupa curta e colada que compramos para nossa menininha ou na maquiagem que achamos bonitinha e inocente porque é discreta. Cantores aproveitam as letras de suas músicas para fazer jogos de palavras, referências ou metáforas em torno do sexo de forma banalizada e que em nada contribuem para a formação da sexualidade saudável de nossas crianças e adolescentes.
Da mesma forma que a sociedade promove leis de proteção às crianças e adolescentes, também projeta pela mídia um desejo cada vez maior pela sensualidade.
Portanto,
Para os defensores do silêncio, um aviso: informação sobre sexo não incentiva iniciação sexual nem a erotização precoce. Muito pelo contrário: crianças bem informadas crescem fazendo escolhas mais saudáveis e responsáveis, além de estarem mais protegidas contra o abuso sexual infantil. Se os pequeninos não tem conhecimento sobre os órgãos genitais, sobre o que é a atividade sexual adulta, sobre as partes privadas do corpo, ficam mais suscetíveis aos perigos da pedofilia e da violência sexual (MARIUSSI 2010, p. 39).
Cabe a todos profissionais da educação a consciência de trabalhar com estes temas, orientando e sendo bons exemplos, a quem ainda está começando a viver, sem esquecer que cada um tem o seu jeito de enxergar o mundo. Entendemos a sexualidade como processo inerente ao ser humano em todas as fases da vida; procedendo assim, nossas crianças terão condições de despertarem ao futuro.
2.2 Pornografia virtual na Escola
Os professores têm em suas salas de aula inúmeras crianças de vários níveis sociais, religião, etnia, orientação sexual, culturas, entre outros e, no entanto se preocupam em dar conta dos conteúdos de História, Geografia, Matemática, etc., dirá os temas relacionados à sexualidade.
Os professores e demais profissionais que lidam com crianças [...] têm um papel fundamental no processo de aquisição de conhecimentos e valares por parte de seus alunos, o que implica numa necessidade de também estes educadores terem um espaço onde possam se formar como orientadores conscientes e capazes de indicarem caminhos e escolhas que tornem a vida do indivíduo menos traumática, com menos culpa e ansiedade, com menos preconceitos e desinformação. (RIBEIRO, 2002, p.15)
As crianças da atual geração estão mais precoces, segundo pesquisa apresentada pela AVG Technologies, aos 10 anos, a maioria delas já teve a primeira conversa sobre “assuntos sérios com seus pais” enquanto que seus pais tiveram o mesmo tipo de conversas por volta dos 15 anos.
A Internet foi apontada como a força responsável pelo avanço das conversas sobre temas adultos entre crianças e adolescentes e segundo os pais o tema mais difícil de abordar foi sobre pornografia, fato que os levaram a preocuparem com o tempo que os filhos passam conectados e também sobre o acesso fácil sobre conteúdos impróprios.
Diante dos resultados da pesquisa da AVG Technologies, acreditamos que os pais precisam adotar métodos de prevenção, começando em proibir suas crianças a visitar sites desconhecidos sem permissão, é preciso vigiar sempre.
Para ilustrar, temos a situação detectada na pesquisa, onde um aluno trouxe um celular com fotos de mulheres peladas e estava mostrando para os colegas, no banheiro, na hora do intervalo (aluno do 5º ano do Ensino Fundamental).
Após o intervalo, já na sala de aula, os meninos estavam cochichando pra cá, cochichando pra lá, a professora chamou a atenção, mas o burburinho não se continha, até que um aluno comentou para a professora que fulano trouxera um celular com fotos de mulheres peladas e estava no banheiro mostrando para os meninos.
Que desafio para a professora dessa turma, tentando retomar as atividades de matemática, com operações de multiplicação e divisão, situações problema e um aluno chega até ela e faz esse tipo de comentário.
A professora relata que no momento chamou a atenção dos alunos para o conteúdo e pediu que parassem com as conversas paralelas, porque, como na maioria dos professores, se sentiu despreparada, e argumenta não ter recebido formação adequada para trabalhar o tema, e que também, passa pelo medo dos pais, por abordar o assunto de sexualidade na sala de aula.
Voltando ao assunto do celular com fotos de mulheres peladas, acreditamos que hoje, com todos os avanços da tecnologia, as crianças encontram mais facilidade para acessarem sites impróprios para sua idade. Essas atitudes passam despercebidas e muitas vezes os pais nem dão conta que o(a) seu(sua) filho(a) fica muito tempo no computador acessando a internet. É preciso vigiar sempre, conversar com o(a) filho(a) sobre o que vê na internet, sentar junto enfrente ao computador e acompanhar a navegação. A facilidade para acessar sites considerados pornográficos acaba perturbando as crianças e essas passam a elaborar fantasias que não lhes serão benéficas para o seu desenvolvimento emocional.
Mariano Sumrell, diretor de Marketing da AVG Brasil afirmou que pais e filhos precisam trabalhar juntos para não correrem riscos desnecessários na Internet. “Isso aponta a necessidade de um processo de aprendizado sobre o que pode e o que não pode ser feito na Internet desde a primeira infância”.
Segundo Mariussi (2010) “Os pais podem dar aos filhos uma educação que os ajude a compreender e valorizar a atividade sexual como algo saudável e natural do ser humano”.
Portanto, no contexto familiar, educar nos tempos atuais é reposicionar os papéis de pai e mãe e na escola:
[...] cabe aos professores ocuparem um lugar ético de ensinar tudo que for possível para civilizar alunos. Ocupar um lugar ético é ser mais ato do que palavras; é se oferecer mais como exemplo do dia-a-dia, acompanhando os aprendizes a se construírem como sujeitos. (LIMA, 2009, p.118)
Hoje, vive-se o declínio da autoridade de pai e de mãe, e a educação de autoridade passa a não dar mais conta ao respeito e às regras impostas pela sociedade. Com esta nova posição da sociedade onde pais e mães não têm tempo para os filhos, logo também não têm tempo para a educação deles, mas alguém tem que fazer o papel de ensinar, educar, então transfere para a instituição escolar a sua responsabilidade. (Raimundo Lima, 2009. p. 116)
Nós, como educadores, temos que devolver o papel de educar aos pais, mas somos cientes que devido o declínio dos pais:
[...] a educação passa a ser orientada pela ética da cooperação e da complementação; assim, cabe ao casal parental ser responsável pela educação dos filhos. Uma educação orientada na ética leva o sujeito a introjetar a lei dos princípios da civilização que faz do indivíduo um sujeito. Se o sujeito é construído desde criança, ele saberá conduzir sua própria existência para o melhor caminho. Será um sujeito responsável pelos seus atos de escolha. Há uma diferença sutil entre não fazer algo ruim porque o pai não quer e "porque ele sabe que não deve fazer porque ele assim sabe discernir". (LIMA, 2009, p. 117)
Tanto os pais como a escola têm poder de ação, e não podemos esquecer que o perfil da próxima geração está sendo traçado por nós, portanto é nossa responsabilidade ensinar as crianças com ética para que se tornem adultos equilibrados, felizes e conscientes como cidadãos conhecedores dos seus direitos e deveres.
Outro aspecto importante, nessa questão de pornografia, e que não deve ser deixado de comentar é sobre os protagonistas da história pornográfica, que geralmente são as mulheres. As mulheres que se propõem a fazer um trabalho deste, não percebem que são exploradas por mercenários que aproveitam da exposição de seus corpos para ganharem dinheiro e muitas vezes as introduzirem no mundo da prostituição, e elas por ganharem dinheiro fácil ou para fugir de algum problema acabam aceitando.
- CONCLUSÃO
A presente pesquisa veio corroborar sobre o valor que deve ser dado à educação sexual na escola, devido à importância também da sexualidade infantil. Com esta pesquisa constatamos que para lidar com a sexualidade precoce e pornografia virtual em sala de aula, um dos caminhos é o preparo dos professores, mas é necessário que cada professor/a procure resolver, primeiro, suas questões pessoais relacionadas à própria sexualidade livrando-se de preconceitos, superando tabus e que busquem informações e conhecimento através de leituras e pesquisas. E que as escolas, em consonância com as redes públicas de ensino, realizem projetos permanentes envolvendo profissionais, alunos das faixas etárias atendidos e familiares, (afinal a orientação sexual está prevista nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) e proporcionam formação continuada através de cursos, debates, grupos de estudos etc.
O caminho percorrido em torno da história da sexualidade humana nos possibilitou compreender o quanto à humanidade vem padecendo de tabus e preconceitos experimentados, provocando uma série de distúrbios que interferem no bem estar de cada um.
Já não é mais possível negar que as crianças são dotadas de sexualidade e estão expostas aos padrões sociais que regulamentam nossas ações e comportamentos. Ao mesmo tempo em que elas manifestam o prazer da descoberta do corpo, em situações de curiosidade, masturbação, jogos sexuais, também reproduzem a imitação da sexualidade adulta, através de programas de televisão, que apresentam expressões sexuais como beijo na boca, relação sexual, reprodução de padrões de gênero, entre outros, como também a Internet com sites pornográficos impróprios para as crianças e adolescentes.
Professores e familiares percebem de maneira cada vez mais evidente as expressões de sexualidade de crianças e devem agir contando com o bom-senso e buscar conhecimentos científicos a fim de se fundamentar com segurança na orientação dos pequenos/as.
As crianças não têm mais os mesmo interesses das de antigamente, se importam com coisas nas quais ainda não deveriam se importar, não brincam mais como deveria ser.
A sexualidade precoce pode ter relação no momento em que vivemos ao acesso fácil às informações sobre o sexo, à mídia, a Internet e também nas relações familiares onde o falar sobre sexo não é ‘proibido’ o acesso rápido as informações ao acentuar curiosidades dos pré-adolescentes, eles procuram experimentar, mesmo antes da hora certa, e não tem ainda a maturidade necessária para estar na atividade sexual ativa, mas por alguma necessidade própria da idade não assume esses sentimentos e faz escolhas muitas vezes precipitadas.
Uma parceria entre escola e família possibilitaria aos alunos vivenciar a própria sexualidade sem medos, da maneira mais positiva possível, em uma tentativa de formar adultos seguros no que diz respeito à sexualidade. A Psicologia tem um importante papel na elaboração de projetos voltados à formação de professores no que diz respeito ao tema, colaborando com o referencial teórico sobre o desenvolvimento infantil e a construção social da sexualidade. Essa formação deve promover a reflexão e a instrumentalização dos/as educadores/as para compreender e agir diante de manifestações sexuais ocorridas na instituição, incentivando-os a garantir a aliança escola-família, almejando o desenvolvimento saudável da criança.
- REFERÊNCIAS
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MARIUSSI Eliany. Educação sexual começa em casa: uma conversa com a família sobre sexualidade. Maringá: Clichetec, 2010.
RAPOPORT, Andrea, SARMENTO, Dirléia F., NUMBERG, Marta, PACHECO, Suzana M.; organizadoras; FERRARI Andrea G. A criança de seis anos: no ensino fundamental. et al. Porto Alegre: Mediações, 2009.
REVISTA NOVA ESCOLA – Ano XXIII – nº 214 – agosto 2008 – pag. 38 a 46.
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RIBEIRO, Paulo Rennes Marçal. Sexualidade também tem história: comportamentos e atitudes sexuais através dos tempos, in BORTOLOZZI, Ana Cláudia e MAIA, Ari Fernando Organizadores. Sexualidade e infância. Bauru:FC/CECEMCA, Brasília:MEC/SEF, 2006.
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Por Redação em 17/06/2014 em http://canaltech.com.br/noticia/segurança/Pais-acreditam-que-a-internet-tem-deixado-os-filhos-mais-precoces/#ixzz36ctoztxf. Acesso em 06/07/2014.
Eliana Maria Filetti Martins
Especialista em Gestão Escolar. UNICENTRO. 2014.
E-mail:elianafiletti@hotmail.com
Ms. Darlan Faccin Weide
Professor Orientador. Mestre em Educação –
Professor do Departamento de Filosofia.
UNICENTRO.
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