No
dia 20 de novembro, é comemorado o dia da Consciência Negra;
data de extrema importância obtida em homenagem a Zumbi dos
Palmares, já que foi o dia de sua morte. A data é importante para
lembrarmos e refletirmos sobre as inúmeras lutas dos negros até
hoje pela sua inclusão na sociedade, sem qualquer tipo de
preconceito ou discriminação por sua cor ou etnia.
Muitos
ainda possuem o pensamento equivocado de que o racismo acabou, ou que
os negros foram os escolhidos para serem escravizados apenas por sua
cor, ou por serem fortes e passivos. O que levanta a dúvida do por
que negros foram escravizados e não indígenas, seria pelo fato de
que os indígenas resistem mais? Eram mais espertos e escapavam da
escravidão ou não foi o índio por que era preguiçoso? Mas, será
que todo o índio é preguiçoso? Ou todo negro é forte? Esse tipo
de associação é um tanto equivocada, assim como a ideia de que os
negros foram escolhidos para serem escravizados apenas por sua cor, é
um tanto quanto racista.
O
Brasil durante seus 500 anos de história, 400 foram anos de
escravidão, ou seja, 80% do tempo da existência do Brasil houve a
escravidão, ademais no início do escravismo em 1532 a igreja tinha
uma visão eurocêntrica sobre os indígenas como sendo inferiores,
necessitando assim de cuidados especiais, dessa forma se inicia a
catequização dos índios pelos jesuítas, já que colonos eram até
presos por tentarem escravizar um índio. Bem como, para o português
não importava se era o índio, negro, ou a etnia que fosse, desde
que estivesse trabalhando para ele. Mas por que permitiram que o
negro fosse escravizado? Pois todo navio português que chegava na
África para comprar escravo, o Rei possuía um certo controle e
incentivava a escravidão negra por conseguir sobretaxar, já que o
lucro gerado em cima de um escravo era de quase 300%.
Questão
que nos leva a refletir sobre a resistência desses escravos
africanos, o que destrói a visão de que eles apenas apanhavam e
eram passivos, tanto que um negro que conseguia se libertar, ele
próprio começava a traficar escravos, como também outra forma de
resistência eram os Quilombos, vilas para que pudessem se refugiar
da colônia portuguesa, já que corriam altos riscos de perderem suas
vidas apenas para fugir dos engenhos e se refugiar nos Quilombos, de
modo que não bastava o trabalho pesado, andar descalço para ser
identificado como escravo, apanhar, ser torturado, ver sua família
ser massacrada, suas mulheres serem estupradas, ainda tinham que
viver nas senzalas, local mal ventilado, sem privacidade alguma,
viver como animais por pelo menos 5 anos, já é o bastante para que
o negro se submetesse a atitudes extremas de resistência, e até
mesmo ao suicídio, pois a morte chegava a ser melhor que a opressão
vivida todos os dias. Portanto, se o negro tiver a oportunidade de
lutar, ele vai lutar, por isso a resistência negra é um ponto tão
importante, mas pouco explorado.
Logo,
durante o governo de Dom Pedro II, as ideias abolicionistas começam
a surgir, principalmente durante a guerra do Paraguai em que várias
das diferentes classes sociais guerrearam lado a lado, soldado
lutando com um escravo, logo percebem que são iguais, que ninguém é
superior ao outro por sua cor, o que diminui o preconceito, e elevam
as ideias de abolição da escravatura, ocorrida em 1850, pela Lei
Áurea. No entanto, a liberdade dos negros africanos foi apenas
“oficializada”, mas na prática o preconceito e a discriminação
permaneceram, tiveram que enfrentar o desemprego até durante a
República, já que a mão de obra foi dada aos imigrantes europeus,
com o intuito de promover o branqueamento da população brasileira,
ideia reforçada por Florestan Fernandes importante crítico da
sociologia que afirma ser um mito a ideia de democracia racial. Como
também é importante ressaltar a luta de Nelson Mandela que foi
presidente da África do Sul contra a prática do Apartheid.
Outrossim,
os índices de negros que são mortos nos dias de hoje, que estão
nas cadeias, ou vivem em situações precárias, até mesmo o
reduzido aparecimento na mídia em relação aos brancos, é reflexo
de um passado opressor, pois a escravidão é a “maior cicatriz que
o Brasil já teve”, frase dita pelo professor de história Walter
Solla, do canal Se Liga Nessa História.
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