Foto: Parque das Grevilhas - Márcio Tunes |
Quando
fazemos aproximadamente 14 anos nos parece que a vida corre, seja
isso bom ou ruim, é a hora que você fala pra si mesmo: bem, não
sou mais criança, o que eu faço agora? Todos começam a esperar
mais de você e você também.
Muito
acontece, seu modo de se ver muda, suas relações com outros mudam,
para a maioria as primeiras experiências sexuais se iniciam, isso
faz parte de ser adolescente: MUDAR.
E
para ser sincera, não e fácil. Cada vez mais cedo são atribuídas
mais responsabilidades, mais expectativas, daqui a pouco sua vida
adulta vai ser iniciada e todas aquelas belas ilusões nos rodeiam:
ser independente aos 18 anos, sair de casa, arrumar finalmente um
emprego, poder sair quando quiser, poder beber e se modificar a seu
gosto, sem a interferência dos pais, enfim, tudo que uma pessoa
adolescente pensa em seu conceito de liberdade.
A
verdade é que certas coisas se tornam um peso. Com 16 anos ou até
mesmo antes, você já pode sair e provavelmente não vai ver graça,
vai preferir ficar em casa, vai se magoar com a "indiferença"
dos seus pais e vai sentir muita falta de quando eles pegavam no seu
pé.
Vai
sentir falta de sua mãe brigando pra você almoçar na mesa com a
família, porque quando a vida se tornar corrida não vão conseguir
se encontrar pra comer juntos, vai sentir falta da sua infância e de
quando não precisava tomar decisões tão difíceis.
Eu,
com 13 anos, nunca imaginei estar aqui com 16 anos, escrevendo isso,
nunca achei que sentiria falta da minha mãe me proibindo de sair,
nunca achei que pararia de me importar com ausência de pai, nunca
achei que preocuparia com minha irmã mais nova saindo, ou até mesmo
em manter a casa em ordem pra minha mãe.
Com
15 anos as coisas pesam, arrumar um emprego, cuidar da casa, fazer
almoço e cuidar de si mesmo, você desenvolve empatia e se sente mal
junto com a sua mãe, perde o sono pensando em como pagar as contas,
e alguns de nós desenvolvem depressão.
A
vida adulta, na vida capitalista não é liberdade, é um fardo e meu
Deus, que fardo pesado. Suas olheiras continuam se aprofundando e o
interesse pelo que te fazia feliz vai morrendo, quando vê está na
rua, morrendo de raiva do mundo, entupindo o pulmão de nicotina e
olhando pra obra de arte feita na cachaça ou vinho, pensando em que
momento da sua vida você caiu tanto assim.
Alguns
olhamos para os problemas mundiais e pensamos: eu sou tão pequeno, e
me sinto tão frustrado com toda essa merda, mas para alguns é
simplesmente cômodo não pensar nessas coisas (não por culpa dessas
mesmas pessoas, somos todos criados para pensar assim, e também não
temos espaço para se desenvolver).
Estamos
todos exaustos de sermos oprimidos, e cabe a nós lutarmos contra
tudo o que impede de nos tornarmos plenos, que é o mesmo que impediu
os nossos pais e avós, porque eu, não sei,quanto à vocês, mas, eu
tô sobrecarregada, de cursos inúteis e certificados, de ver meus
amigos de infância morrendo e de querer morrer também: tudo isso
aos 16 anos, cansada de ver minha mãe desesperada em pagar as
contas, como todos nós. Cansamos de pensar em se entupir de droga
pra fugir da realidade pra ter ao menos um pouco de prazer em viver.
Cara,
que saudade de ser criança.
O
futuro, parece uma parede cinza quando se toma conhecimento do
presente, mas não tem que ser assim, lutemos. Quando você apresenta
a problemática dos dias atuais todos te perguntam o que você quer
do futuro, muitas vezes não sabemos responder, apenas sabemos que
estamos cansados. E não dá pra responder essa pergunta
individualmente, isso nos levaria ao ponto em que estamos agora,
pois: o futuro é construído em conjunto e que tenhamos então,
união.
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