DESABAFO DE UM(A) ADOLESCENTE

Quando fazemos aproximadamente 14 anos nos parece que a vida corre, seja isso bom ou ruim, é a hora que você fala pra si mesmo: bem, não sou mais criança, o que eu faço agora? Todos começam a esperar mais de você e você também.

Muito acontece, seu modo de se ver muda, suas relações com outros mudam, para a maioria as primeiras experiências sexuais se iniciam, isso faz parte de ser adolescente: mudar.
E para ser sincera, não e fácil. Cada vez mais cedo são atribuídas mais responsabilidades, mais expectativas, daqui a pouco sua vida adulta vai ser iniciada e todas aquelas belas ilusões nos rodeiam: ser independente aos 18, sair de casa, arrumar finalmente um emprego, poder sair quando quiser, poder beber e se modificar a seu gosto, sem a interferência dos pais, enfim, tudo que uma pessoa adolescente pensa em seu conceito de liberdade.
A verdade é que certas dessas coisas se tornam um peso. Com 16 ou até mesmo antes você já pode sair e provavelmente não vai ver graça, vai preferir ficar em casa, vai se magoar com a “indiferença” dos seus pais e vai sentir muita falta de quando eles pegavam no seu pé.
Vai sentir falta de sua mãe brigando pra você almoçar na mesa com a família, porque quando a vida se tornar corrida não vão conseguir se encontrar pra comer juntos, vai sentir falta da sua infância e de quando não precisava tomar decisões tão difíceis.
Com 13 anos, nunca imaginei escrever isso, nunca achei que sentiria falta da minha mãe me proibindo de sair, nunca achei que pararia de me importar com ausência de pai, nunca achei que preocuparia com minha irmã mais nova saindo, ou até mesmo em manter a casa em ordem pra minha mãe.
Com 15 as coisas pesam, arrumar um emprego, cuidar da casa, fazer almoço e cuidar de si mesmo, você desenvolve empatia e se sente mal junto com a sua mãe, perde o sono pensando em como pagar as contas, e alguns de nós desenvolvem depressão.
A vida adulta, na economia capitalista não é liberdade, é um fardo e meu deus, que fardo pesado. Suas olheiras continuam se aprofundando e o interesse pelo que te fazia feliz vai morrendo, quando vê está na rua, morrendo de raiva do mundo, entupindo o pulmão de nicotina e olhando pra obra de arte feita na cachaça ou vinho, pensando em que momento da sua vida você caiu tanto assim.
Alguns olham para os problemas mundiais e pensamos: eu sou tão pequeno, e me sinto tão frustrado com toda essa merda, mas para alguns é simplesmente cômodo não pensar nessas coisas (não por culpa dessas mesmas pessoas, somos todos criados para pensar assim, e também não temos espaço para se desenvolver).
Estamos todos exaustos de sermos oprimidos, e cabe a nós lutarmos contra tudo o que impede de nos tornarmos plenos, que é o mesmo que impediu os nossos pais e avós, porque eu não sei vocês, mas eu tô sobrecarregada, de cursos inúteis e certificados, de ver meus amigos de infância morrendo e de querer morrer também: tudo isso aos 16 anos, cansada de ver minha mãe desesperada em pagar as contas, como todos nós. Cansamos de pensar em se entupir de droga pra fugir da realidade pra ter ao menos um pouco de prazer em viver.
Cara, que saudade de ser criança!!!!!!
O futuro, parece uma parede cinza quando se toma conhecimento do presente, mas não tem que ser assim, lutemos. Quando você apresenta a problemática dos dias atuais todos te perguntam o que você quer do futuro, muitas vezes não sabemos responder, apenas sabemos que estamos cansados. E não dá pra responder essa pergunta individualmente, isso nos levaria ao ponto em que estamos agora, pois: o futuro é construído em conjunto e que tenhamos então, união.

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