UM ANO DE 29 DE ABRIL - ESTIVE LÁ ! - escrito pela professora Denise Pirolo

Lembro-me deste dia! Das bombas, dos gases e das latidas, que ecoaram no Palácio do Iguaçu e na Assembleia Legislativa, intoxiquei-me. Dos que personificaram a função social do estado de controle, incomodei. Dos que secontrapuseram, sutil ou explicitamente, com violência aos da mesma classe, aguardei. Aos que se ensurdeceram na praça da capital,
doravante conhecida como 29 de abril, juntei-me. Da pimenta nos olhos e nos corações dos servidores públicos, pais e alunos paranaenses, chorei.

Daqueles que nos acolheram diante da demonstração de força da lei, não  esqueci e agradeço eternamente. Com os que fizeram vigília na maringaense praça Manoel Ribas, enforti-me. Das feridas no corpo da educação juntos aos alunos e demais educadores em sala, cicatrizei. Nos duros avanços, ergui-me. Para estar lá, motivos não faltaram! Éramos muitos, poderíamos ter sido mais! E não ressequei-me! Estive lá, com todos!

Estive lá como todos! Todos estivemos lá de uma forma ou outra! Cúmplices ou não, conscientes ou não, quer queiramos ou não, lá estivemos. Da humanidade desumanizada e desumanizadora, uma vez mais, vivenciamos. Da governabilidade de se minimizar em prol aos interesses privados, amargamos. Da luta pelos direitos trabalhistas desrespeitados, embolsamos. Da cega relação entre a política e a educação, inclusive escolar, clarificamos. Da tensão em exercer em outros a posição de tornarem-se humanos, requeremos ainda maior precisão. Da dependência desta, naqueles que estão presos à forma embrutecida como a humanidade subsiste, urgimos cada vez mais consciência.

Motivos não faltam para resistir! Podemos mais! Não desistiremos de lá estar!