Todo jogo surge da
representação da realidade. Além disto, em geral ele não nasce
acabado, vai sofrendo transformações ao longo do tempo em resposta
à economia (forma de produção da vida). Com o xadrez não é
diferente, sua forma elementar (primitiva) vai se complexificando,
daí a necessidade do estudo prévio para entender as fontes e razões
do seu surgimento (origem). Há historiadores do xadrez como Yuri
Averbach arriscam que ele evoluiu de um jogo de corrida (até 500
dC), por exemplo.
Contudo, o mais aceito
como ancestral do xadrez é que surgiu na índia entre os séculos VI
e VII (no anos de 500 a 600), chamava Chaturanga (jogos dos quatro
elementos), possuía 8 peças: Ministro (hoje Dama), um cavalo, um
elefante (hoje Bispo), um navio (mais tarde uma carruagem e hoje
torre) e 4 soldados (hoje os peões). E era praticado por 2 ou 4
pessoas movimentando as peças por lances de dados. Na Índia, China
e Pérsia, um jogo de tabuleiro chamado Shah, que simulava o
combate entre dois exércitos que disputavam a captura do rei (Shah).
Xeque Mate (shah mat) é a expressão persa que significa o
rei morreu. Ou seja, as guerras e na busca por novas rotas de
comércio, as hordas1
árabes (mouros), ao invadirem a Pérsia, aprenderam o jogo e
levaram-no consigo na invasão da Espanha. Assim, o
xadrez, então, foi introduzido nos países ocidentais e
África. Dali e com o passar do tempo, o
jogo espalhou-se pela Europa, e o cenário do jogo com
características do contexto feudal adquiriria a representatividade
da realidade da Idade Média. Os jogadores passam a atuar como
generais dos exércitos branco e preto dando vida às peças que
disputam o território (tabuleiro), movimentar as peças se
diferencia para as formas na perpendicular (coluna e fila)2
e diagonal, tanto para proteger seu rei, como para atacar o rei
inimigo. Ainda, as peças do jogo de tabuleiro ganharam outros nomes
e as regras foram alteradas. Provavelmente esta adequação sofrida é
decorrente da mudança da situação econômica vivida, ou seja, a
uns 900 anos atrás o jogo representava a forma escravistas, depois
tornou-se servil. O que tem em comum nisto é que, em ambos os
períodos, a
forma predominante da produção da vida era mediada pela propriedade privada. Isto significa que o ser humano estava privado de produzir sua vida. O impedimento estava em fazer uso agropecuário, uma vez que, a propriedade havia sido violentamente saqueada de si. O escravo era pertencente ao seu dono, estava alienado a esta condição. Com o servil (na época feudal) também estava alienado, contudo de uma forma diferente atendia ao dominante. Como agravante deste problema, havia o fato de que, cada um em seu contexto (servo e escravo) eram forçados a saciar as necessidades daqueles que o dominava, ainda,
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Como desdobramento
disto, o que se observava eram fortalezas erguidas para evitar
ataques que destituíssem o representante de todos (o rei, o
imperador). Sua palavra era lei, por isto, era defendido pelos
súditos que lhe devotavam vida e lealdade. O território era
sinônimo de poder, pois é dele que se conseguia a sobrevivência,
por exploração da natureza e do escravo e do servil. O poder
aumentava a medida em que a propriedade privada aumentava
(territórios, escravos etc.). Além do mais, maior seria a
arrecadação de impostos, uma vez que quase todos eram contribuintes
dos tributos (assim como atualmente).
Desta forma, o rei e
sua corte e a guerra pela conquista da propriedade privada são
representados no tabuleiro:
- A Dama ou rainha tinha grande influencia sobre o rei por sua condição genitora do herdeiro do rei. Principalmente se fosse homem daria continuidade à dinastia garantindo perpetuando a propriedade privada dos meios de produção da vida (no caso terras) conquistada em outras batalhas.
- O bispo destinatário episcopal (do Greco Epi, sobre e Kopos, observar) ou vigia a torre exercia influencia sobre as decisões do monarca também. O vigilante bispo e sua mitre3 representa a igreja que exercia muito poder sobre todos, principalmente controle sobre as massas (peões).
- A torre quando considerada o castelo é a fortaleza, o refúgio e lar do monarca e sua família, mas também pode ser considerada a parte do castelo onde se aprisionava e torturavam os inimigos.
- O cavalo representa o único soldado profissional, o cavaleiro sobre o cavalo com sua armadura (de ferro) e uma lança empunhada. O exército de proteção também era composto por este trabalhador civil independente ou alarbadeiro4 (em inglês significa free-lance, lança livre) que colocava sua lança a serviço de combate a qualquer um que lhe pagasse. Eles procuravam aventuras e participavam das cruzadas, diferentes dos demais que, em maioria, passavam a vida sem afastar-se 30 kilômetros de seu lugar de nascimento. O cavalo foi imbatível nas investidas da infantaria até que os ingleses criaram o grande arco.
- os peões são os servos ou pobres trabalhadores nos campos de agricultura que, como em qualquer sociedade de classe, há mais deles que quaisquer outros sujeitos. São estes que, ao serem transformados em soldados, protegiam os interesses daquele que o dominava, o rei. Assumida a função de um soldado da infantaria nunca recuam. Frequentemente, sacrificavam-se para defender os mais poderosos. Fazia pressão no ataque provocando perdas devastadoras dos oponentes, inclusive dos poderosos, por capturar ou aprisionar o rei. Também podia ascender no campo de batalha, durante uma disputa, adquirindo outra função.
Os alunos do C.E. Tomaz
Edison de Andrade Vieira de Maringá, durante as aulas de educação
física, no ano letivo de 2015, aprenderam o significado do jogo.
Cada um criou seu tabuleiro e peças com material alternativo para
que fosse possível praticar os jogos pré enxadrísticos.
Participaram alunos do 6ºA, 7ºA, 8ºB, 9ºC. Confira os excelentes
resultados:
4
Soldado da infantaria que portava lanças ou alabardas (Arma antiga,
constituída de uma longa haste de madeira rematada em ferro largo e
pontiagudo, atravessado por outro em forma de meia-lua)
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